Perigo nada a vista
Devia ser início de setembro.
Respondi: - Sei lá!
E ele emendou: - Você vai comigo a Colômbia realizar uma oficina de joalheria sensacional!! Serão duas semanas. Ah! Sem pagamento. Você vai gostar.
Caímos na gargalhada, pois já sabia que iríamos.
A perspectiva de um trabalho criativo; a idéia de conhecer um lugar novo; costumes diferentes me fascinam!
Pensei somente no trabalho. No dia previsto embarcamos em São Paulo rumo a Bogotá.
De lá pouco conhecia além da minha querida amiga Martha que havia feito anos antes – trazidas por outra amiga panamenha, para morar uns tempos em casa enquanto terminava seu doutorado em Saúde Pública.
A viagem foi longa e enfadonha apesar da classe executiva!
O primeiro choque que tive foi que ao abrir a porta do avião vi dois militares com roupas camufladas e metralhadoras atravessadas no peito. O segundo choque foi descobrir que o finger de desembarque é de alvenaria, como um estreito corredor entre duas salas de uma casa grande; bastante claustrofóbico.
Tive que desembarcar e seguir andando rápido, uma vez que os militares não me deixaram esperar o Eduardo que vinha um pouco mais atrás. Bateu uma baita insegurança!
Passado este primeiro momento me encontrei-me com o meu grupo de trabalho; passamos pela alfândega e fomos resgatados por um motorista enviado pela nossa contratante.
Era tarde da noite. Estávamos cansados, mas como sempre, eu curiosa e disposta a observar tudo. Circundamos a praça do estacionamento e seguimos por uma grande e larga avenida.
Bogotá é linda! E eu apenas começava a conhecê-la.
“Colei” meu nariz no vidro da van que nos transportava, quando paramos num farol e minha visão foi obstruída por um tanque de guerra que trafegava naturalmente junto a nós.
Esqueci a beleza de Bogotá e meu foco mudou: só enxerguei outros carros militares que circulavam pela rua; os militares de metralhadora que ficavam aos pares em cada esquina; na porta dos hotéis; de Museus...
A orientação que nos deram na recepção: deveríamos retornar impreterivelmente antes da meia-noite, quando tudo na cidade fechava!! Discreto “toque de recolher”?!
Hotel cinco estrelas. Muito alto com a parte central aberta, circundada por corredores e sacadas em frente aos quartos.
Instalamos-nos cada um em nossos respectivos apartamentos, loucos por um banho e descansar. Nossa oficina começava na manhã seguinte, bem cedo.
Investiguei minha suíte: uma pequena copa na entrada, com cafeteira elétrica e tudo mais. Uma ampla sala de visitas com um pequeno escritório anexo e uma ampla janela voltada para a área central do hotel. Saindo da sala um closed em frente ao banheiro, com banheira. E finalmente o quarto, requintado, com vidro do chão ao teto, em uma parede inteira – virado para a rua e que me permitia ver a belíssima arquitetura diferenciada e parte da Cordilheira dos Andes! Uma vista deslumbrante!!
Uma cama big king size. Deliciosa!
Depois do banho, mala desfeita, olhei novamente aquela janela toda – característica da arquitetura local, eu constataria depois. Eu estava instalada num andar baixo. Na quietude da noite avistei dois daqueles militares armados na esquina da direita; dois na esquina da esquerda. Passava da meia-noite. Frio de 5 graus. Se eles não iam para casa dormir é porque devia haver motivo.
Num esforço descomunal, arrastei o colchão até o closed – ele encaixou justinho no chão, no espaço de circulação disponível – e foi lá, “protegida” por paredes de todos os lados e sem janelas que dormi os quinze dias seguintes, para que ao menos a noite eu relaxasse.
domingo, maio 30, 2010
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3 comentários:
Recebi e compartilho:
"Muito bom! digamos que vc dormiu com os "anjos" neste periodo, não?bj"
Marcia Croce
Recebi e compartilho;
"Morro de inveja das suas aventuras bjs"
Tony Moran
Recebi e compartilho:
"hahahaha essa nao sabia, que tinha dormido no closet hahahahahahahaahahaah bom com esse homens armados so assim para tentar relaxar, mas è muito engracado.. Insisito escreve um libro, parece que te estou escutando falar a historia."
beijos,
María Inés Esquivel
Panamá
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