Fogo na Banheira



Elsa tem os olhos ávidos e vívidos de uma jovem que vive e trabalha no campo. Nos campos da Provence!
Desembarcou em São Paulo vinda da França via Guiana Francesa por onde viajou de barco pela Floresta Amazônica até Belém e de lá até aqui de avião.
Fui conhecê-la no desembarque do Aeroporto de Guarulhos. Veio morar na minha casa à pedido de uma grande amiga – aprender mais e praticar francês é sempre bom. E aos poucos descobri, uma criatura ótima.
Nos primeiros dias ela olhava e comentava admirada – indignada – a altura dos prédios na cidade!!
Viajamos pelo interior do Estado algumas vezes para visitar minha família.
Resolvi fazer turismo com ela num fim de semana em São Paulo que confessou não conhecer um hotel cinco estrelas, nem de passar na porta. Nos hospedamos num hotel próximo a um shopping de decoração, numa região endinheirada da cidade, como se houvéssemos viajado para outra cidade.
Começamos bem: instaladas em nossa grande suíte – depois de todas aquelas mesuras do luxo e de nos divertirmos inspecionando todas aquelas mordomias encontradas lá, resolvi mostrar a ela o contraste que pode separar uma cidade como esta. Bem ao nosso lado, após a Marginal Pinheiros uma enorme favela, que tem como “moldura” o mais novo ícone da cidade: a Ponte Estaiada; pura arquitetura e tecnologia. Para tanto, caminhamos pelo enorme e largo corredor saindo da nossa suite; sobre um grosso e maravilhoso carpete até a porta corta fogo e nos colocamos na exígua e mal acabada sacada que dava acesso à escada de emergência externa ao prédio. Lógico: a pesada porta fechou-se atrás de nós e travou como deve ser!
Detalhe: estávamos no décimo quinto andar; ventava gelidamente, e estávamos sem agasalhos para um dia frio como fazia e sem celular para pedir ajuda. Relaxamos, observamos o que havia nos levado até lá e antes que uma hipotermia nos derrubasse começamos a descer, parando a cada lance de escada, tentando encontrar alguma porta entre aberta num dos andares e para se acabar de rir da nossa bobagem.
Durante dois dias fizemos absolutamente tudo o que o hotel, o shopping e o entorno ofereciam a turistas como nós. Tudo!
Academia, sauna, massagem; “cardápio” de travesseiros – pasmem cada uma escolheu a textura, o aroma e a opção de altura preferida. Nadamos.
Selecionamos DVD´s. Filmes. Vinhos, livros, revistas.
Imaginamos algumas decorações e buscamos os móveis adequados; utensílios...
Lemos todos os tipos de publicações de luxo que nem imaginávamos que existisse. Tomamos sopa de cenoura com gengibre de madrugada.
Pensei que fosse precisar chamar uma ambulância no café da manhã para ela, que experimentou absolutamente todos os itens oferecidos na mesa de frutas, de queijos, de pães, de omeletes, de doces, de geléias, de tipos de caffé espresso, de ... ufa!
Decidimos que domingo, lá pelas seis da tarde partiríamos de viagem de volta, para os longos três ou quatro quilômetros que nos separavam de casa.
No meio da tarde decidi voltar à suíte para um demorado banho de banheira, com todos os sais e espumas de banho que a mordomia me dava direito, enquanto a Elsa se divertia na academia.
Preparei a banheira, o som, uma taça de vinho...
Coloquei a tranca de segurança na porta para ficar a vontade e relaxei. Música e tranqüilidade... Caminho para a meditação. Nem sei por quanto tempo... quanto tudo é interrompido:
- Troc! Uma forte pancada na porta do quarto vindo do impacto contra a grossa tranca de metal, e pela fresta uma voz gritava:
- Bombeiro: abra! O sensor indica que há sinais de incêndio aqui!!
Acho que me enrolei no tapete do banheiro, tamanho susto! Quinze minutos depois a gerência do hotel morria de pedir desculpas pela falha no sistema!
E eu já vestida, sem acreditar como é difícil meditar e fácil quebrar o clima.

7 comentários:

Pat Neme disse...

karina querida, como é bom ler suas 'aventuras'.Parece que estou vendo. Beijos e continue assim, meditando....Pat

Karina Achôa disse...

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"Adoro ler seus blogs e já procurei um lugar para elogiar e como comentar. Mas a degas aqui não acha como e nem onde.
Coisas de Karina! Só mesmo com você, filha de quem é... neta de quem foi... as coisas acontecem assim para depois você contar aos sobrinhos, amigos, parentes e benfeitores que darão gargahadas como a meninada fazia com as estroplias do VÔ.
Beijão"

Karina Achôa disse...

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"Adorei como sempre seu texto,estou em Bariloche,de carro, que atravessou valentemente os andes na altura do deserto de atacama,4500m de altura,atravessou o deserto, rumou para o sul atravessou de volta os Andes na altura de Bariloche e agora ele,meu carrinho,vai para o sul ate Ushuaia,Ufa! Beijos Ford KA"
Roberto Pompeo Gabrielli

Unknown disse...

Karina, adorei a aventura e fiquei pensando: será que a Elsa voltou? Isso foi agora ou foi quando ela veio ano passado? Bjsss

Karina Achôa disse...

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"Adorei. É a prova do quanto o excesso? de tecnologia pode atrapalhar, ou tecnologia não adaptada a situações fora do corriqueiro."

Jesuino

Karina Achôa disse...

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"KARINA,Minha amiga em tudo que vc se envolve faz sempre o melhor, essa agora de escritora é nota dez! tÃ? gostando muito dos contos ( não sei se posso chamar assim)."
ATE UM BEIJO DO SEU AMIGO EDUARDO ROSSITER

Karina Achôa disse...

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"Ká, que susto pensei á princípio os sais entraram em reação KÍMICA,kkkkkkk! ELZA,eu a conheci?. Como sempre adorei o texto ou cronica !"
Bjs Tony.

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