Jegue



Hoje cedo assistindo o Globo Rural, vendo o sistema de criação e reprodução de jegues, lembrei-me da primeira vez que estive no interior da Bahia a trabalho.
Muito distante de qualquer lugar e aonde só se chegava por estradas federais “buraquentas” e quase sem asfalto ao chegar a Campo Formoso deparei-me com muitos jegues que faziam todo o transporte de carga. Era uma sexta-feira e na manhã seguinte seria dia de feira. Todos os pequenos produtores vinham chegando puxando seus jegues que carregavam seus “caçoas”, repletos de bananas da terra, de umbus, seriguelas, galinhas amarradas pelas pés...
O Núcleo de Artesanato Mineral onde eu dava as oficinas ficava na esquina da praça da feira. Também conhecida como Feira do Rato – sei não se é porque por vezes compradores mais desavisados são ludibriados por alguns poucos comerciantes de pedra sem escrúpulo ou por que mais de uma vez ao longo dos anos que passei por lá, vi um assado na grelha de alguma barraca, que tinha uma forma bem similar ao do referido nome da praça!!
O fato é que os jegues ficam excitados perto do meio-dia e começam uma barulheira ensurdecedora. Imagine uma feira de interior, onde algumas poucas barracas dividem espaço com os tais cestos de palha que fazem as vezes de balcão; esteiras de palha estendidas no chão com panelas, potes e utensílios de barro, roupas de todo tipo, doces em barra... Onde é um acontecimento para as pessoas da cidade. Uma delícia de ver! Sempre junto ao feirante ficam os jegues. Achava muita graça naquilo e comentava alegremente que nunca tinha visto um jegue antes e que me divertia com aquela sinfonia!
Antes que feira acabasse fui chamada à janela por um dos alunos que anunciou com sua simplicidade que aquele jegue que eu via o irmão dele segurando bem perto de mim, agora era meu!! Gelei!
Isso mesmo: ajudei um conhecido de lá a comprar uma roça e meu jegue morou nesse pedacinho de terra por muitos anos.
Ah! O jegue da foto foi a solução que encontramos na própria feira, para que o presenteador não ficasse magoado, de eu deixar o presente no seu habitat ao invés de trazê-lo para morar aqui em São Paulo.

13 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Ka!
Vi o seu texto... se fosse eu, ia querer trazer o jegue... hé, hé!
bjos,

Sil

Anônimo disse...

Num sei qndo vc andou em C. Formoso, mas o cenário que você descreve não existe, no presente. As Rodovias que dão acesso a cidade foram recuperadas recentemente e os jegues no meio da rua, também é coisa de um passado bem distante, pois moro nessa cidade desde que nasci à 30 anos e não me recordo desse fato.

Eliane disse...

Rsssss Já pensou Karina teu jegue em plena Av. Paulista????!!!!!!! Rsrsrsrs!!!!!Agora em sério, sabia que até a Rainha Sofia apadrinhou um jegue e foi visitá-lo??? Pois é!!!Sao animais muito especias e se nao me engano essa raça está ou estava em extinçao.Por cierto, Karina adoro como vc descreve tudo que escreve!!!Pena que nao dá pra acompanhar todos seus textos!!Beijosssss

Anônimo disse...

Como se diz em portugeus dono de jegue? De gado e gadeiro?? EM espanhol é ganado, ganadero.

tudo bom?

beijos, minha amiga jeguezeira hahahahahahaha

María Inés Esquivel

Panama

Karina Achôa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Karina Achôa disse...

Morador de Campo Formoso.
O fato ocorreu em janeiro de 1986.
Quem ficou responsável pelo jegue foi um artesão chamado Adão e que ainda reside na cidade.
Saiba que tenho muita alegria de ter ganho o presente pela atitude de quem deu, e pela generosidade baiana que se repetiu inúmeras vezes nos anos que continuei trabalhando aí.
O jegue tem tanta importância como instumento de transporte que dentro do Projeto para o qual trabalhei, foi criado uma pequena escultura de um jegue em biotita (a pedra preta que é resíduo na extração da esmeralda) com os cestos ao lado, cheios de esmeraldas sem valor para lapidação, porém lindas. Um grande sucesso de vendas!
Se você nunca viu um vale a pena procurar.
Ah, quanto as estradas, vijei anos por muitas delas nessas condições. E mais recentemente é que receberam investimentos federal para sua recuperação.
Um abraço
Karina

Anônimo disse...

Adorei o seu jegue. olha, eu gostaria muito que você levasse o bichinho, tão bonitinho aí para a Paulista.!
Já imaginou você andando , toda catita, ao lado dele ou montada no jeguinho?
Todo animal tem um nome? Qual o dele?
No jegue vai a Karina
pela Avenida Paulista !
É uma linda menina
que mais parece uma artista !!!!!!

E quem disse que não é?

Valeu ! Amei o seu jegue!!!!!
Beijão TÊ

Anônimo disse...

Karina que bom que voltamos a nos comunicar, e com certeza temos, muio o que falar, e ideias para trocar.
beijos do Marko...

Anônimo disse...

Karina,sua cronica me chega como um abraço carinhoso.Muito obrigado beijos
Edna Guimarães Corrêa

Anônimo disse...

Assim não vale. v.é uma experiente cronista !!

até domingo

abraços,

Etelvina Kazuko Massuda

Anônimo disse...

Cara amiga
Ler coisas agradáveis. Como este texto do jegue, por exemplo. Você está levando jeito de escritora. Tem estilo. Produzindo uma leitura agradável, daquelas onde você relê um parágrafo por puro sabor e fica com pena quando acaba.

Uma observação antiga: sempre fiquei intrigado porque os núcleos de artesanato, em sua maioria, produziam animais que os artesãos (ou artesões, como diria Hélio) certamente só tinham visto em filmes ou fotografias, tais como baleias, leões, elefantes etc. E poucos eram os animais que vivem em volta deles, como jegues, cachorros, bodes... Felizmente foi uma cabra que ganhou aquele concurso lá no Museu, lembra-se?
Beijo
Ruy Lima

Anônimo disse...

Minha amiga, v é uma cronista de não botar defeito e ainda generosa em oferecer s/apê p/os pobres "escristas'.

Etelvina Kazuko Massuda

Anônimo disse...

Seus textos sempre são ótimos! Fico sempre com uma pontinha de vontade de ter a sua bagagem de viajante...como deixei o carro e passei a circular de ônibus...é um verdadeiro achado para pequenos contos!!!!
Um grande abraço, e me avise quando lançar um livro!

Cristina Paulon

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